DAlila Teles Veras

Palestras e Debates

 

 

Saramago e a poética do humano

anotações de leitura

                                                        

 a trajetória e a conquista do estilo - pinceladas

José (de Souza) Saramago, o primeiro escritor de língua portuguesa a ser galardoado com o Prêmio Nobel de Literatura, morreu aos 88 anos, em 16 de junho de 2010. Conheceu a fama, a glória e o reconhecimento de leitores e críticos, mas a notoriedade chegou apenas aos 60 anos de idade. Isso não significa que tenha começado seu ofício de escritor por essa altura. Ainda que sua profissão, por formação,  fosse a de serralheiro mecânico, fez da palavra, desde sempre, sua principal e afiada ferramenta. Como jornalista profissional exerceu a crônica e a crítica literária, além de combativo editorialista do jornal O Diário de Lisboa, que lhe rendeu desafetos e desemprego.

Seu primeiro romance, Terra do Pecado, foi publicado em 1947, sem grande repercussão crítica. É considerada uma obra de formação, que o próprio autor tratou de banir de sua bibliografia oficial. Depois disso, só veio a publicar em livro no ano de 1966 (Os poemas possíveis), curiosamente, num gênero em que jamais foi reconhecido.

Os anos 70 seriam febris em termos de criação literária e militância política (após a filiação, em 1969, ao Partido Comunista Português). Crônicas, poemas e contos publicados na imprensa e revistas literárias, peças de teatro, projetos literários  e um livro inclassificável como gênero e de caráter experimental, Objecto Quase, resultaram em conferir a Saramago uma certa notoriedade, representando também uma espécie de ensaio para a conquista definitiva de seu estilo literário.

Não por acaso, como se vê, sua inserção como escritor central da literatura portuguesa  acontece, afinal, em 1980, com a publicação do romance Levantado do Chão, seu primeiro sucesso de crítica e de vendas. É justamente nesta obra que, pela primeira vez, a revolucionária linguagem aparece, técnica narrativa que viria a radicalizar nas obras subsequentes e o consagraria pela surpreendente originalidade.  Ali inaugura sua "voz literária", caracterizada por longos parágrafos de escrita oralizada,  incorporação de citações de adágios populares e uma sintaxe própria e inovadora.

O retumbante e imediato êxito de Memorial do Convento, publicado em fins de 1982, entusiasticamente recebido pela crítica, considerado sua obra-prima e até hoje um de seus livros mais vendidos, daria a Saramago a consagração internacional. A partir daí, sua ascensão é vertiginosa, não só como escritor, mas também como figura pública de intelectual atuante e influente.

Nas três décadas seguintes, essa consagração seria referendada não só através do Nobel, láurea máxima no gênero, mas também pela atribuição dos mais importantes prêmios literários e condecorações que lhe foram concedidas, destacando-se nada menos do que trinta doutoramentos honoris causa em prestigiadas universidades de vários países. Convenhamos não ser pouca coisa, tratando-se de confesso autodidata, com escolaridade de  ensino médio (curso técnico que, diga-se, contemplava matérias comuns ao currículo do chamado curso do Liceu, como história, francês, português e até literatura!).

Interessante sublinhar que, neste caso, o autodidatismo refere-se apenas aos bancos escolares formais, mas não significa desconhecimento literário. Pelo contrário, movido por uma curiosidade ímpar, Saramago foi, desde sempre, um leitor curioso e ávido por conhecimento. De origem humilde, sem poder aquisitivo para adquirir livros, adquiriu o hábito de frequentar bibliotecas na adolescência e o cultivou pela vida afora.  Lia, sem orientação de qualquer espécie, "com o mesmo espanto criador do navegante que vai inventando cada lugar que descobre". Assim, ao longo de toda uma vida e múltiplas leituras, muito descobriu e muito criou.

Foi um escritor prolífero. Deixou uma obra composta por livros de poesia, crônicas, contos, diários e teatro, que totaliza cerca de 38 títulos, sem contar o enorme volume de entrevistas e textos publicados esparsamente, incluindo aí um blog, O Caderno de Saramago, que assinou na Internet nos últimos tempos de sua vida, que hoje, sob o título "Outros Cadernos de Saramago" ( http://caderno.josesaramago.org/ ) continua a ser alimentado pela Fundação José Saramago, que ali transcreve trechos de obras, entrevistas e artigos do autor.

Como se vê,  o melhor de sua obra foi escrito na maturidade, assim como os louros dela decorrentes.

 

a gênese dos romances - indícios da fusão vida/obra

"As crônicas (provavelmente mais do que a obra que veio depois) dizem tudo aquilo que eu sou como pessoa, como sensibilidade, como percepção das coisas, como entendimento do mundo. E quem se interesse pelo que eu faço tem que ir a esses pequenos textos publicados em jornais porque eu mesmo, quando por algum motivo tenho que voltar a eles me reencontro. Nessas crônicas há muito de ficção, e sobretudo há o trabalho sobre a memória, a memória da infância, da adolescência, a memória dos adultos, dos avós, das coisas vistas.” 

De fato, lidas com atenção, não apenas suas crônicas (reunidas nos livros Deste Mundo e do Outro e A bagagem do viajante), mas também seus poemas (reunidos nos volumes Os Poemas Possíveis e Provavelmente Alegria), apresentam indícios do que seria o embrião ou a própria gênese de seus romances, além de indicar, conforme nos aponta o próprio autor,  os traços do caráter do homem que há por detrás da ficção e da poesia.

Vejamos alguns desses indícios:

- Nas crônicas Carta a Josefa, Minha Avó e O Meu Avô, Também, é possível identificar fragmentos que seriam utilizados posteriormente em As Pequenas Memórias  (2006);

- é bem possível que na crônica Viagens na minha Terra (“pus-me a olhar, do horizonte desta mesa, essa terra que é minha, que não conheço toda, que mal conheço, de que tão pouco sei, onde há gente que fala a minha língua, gente para quem escrevo estas crônicas, que são como pontes lançadas no espaço vazio à procura de solo firme onde possam assentar a sua esperança de duração”) esteja contido o desejo ou o momento detonador do livro A Bagagem do Viajante, uma magnífica “viagem na sua terra”,  publicado bem mais tarde, após percorrer todo o país para escrevê-lo;

- um relâmpago anunciador do seu hoje mundialmente famoso Ensaio sobre a Cegueira, também levado para o cinema ("Cegos que veem, cegos que, vendo, não veem" ou na epígrafe: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara"), pode ser detectado na crônica Os Olhos de Pedra (“Vá lá saber-se, agora, o motivo desta nova inquietação que de repente me toma. Em qualquer parte, não sei onde, os olhos da pedra estão em qualquer parte, não sei onde, os olhos da pedra estão vendo (quem sabe?) todas as coisas que os nossos olhos de homens gostariam de ver e aprender: o real valor do tempo e do que nele se contém, a serenidade de saber-se transitório (...)” ;

- iluminações primordiais para o polêmico O Evangelho segundo Jesus Cristo, publicado em 1991 e que lhe renderia problemas em seu país e um auto-exílio na Ilha de Lanzarote,  estariam presentes nos poemas, escritos nos anos 60,  “Judas” (..."Um corpo de enforcado é alimento, / Um braço faz escada para os céus, / É trono uma figueira, é luz moedas: / Sem Judas, nem Jesus seria deus.” ou “A um Cristo velho” (... Vem a ser esta missa doutra lei, / A comunhão de Cristo e do pecado, / Eis a fé do poeta que te encontra / No teu pasmo de deus desafiado.);

- muitos episódios de sua infância transformados em crônicas publicadas na imprensa entre os anos 1969-1972 e reunidas em A Bagagem do Viajante, como os momentos passados em companhia do avô Jerônimo, a quem homenagearia iniciando o  seu discurso ao receber o Nobel ("O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever"),  seriam recriados ao final da vida na comovente autobiografia As Pequenas Memórias, assim como a crônica História para Crianças, foi transformada no livro para a infância (?) A Maior Flor do Mundo ou, ainda, outra crônica, Saudades da Caverna, seria a centelha das reflexões que se transformariam no romance A Caverna.

 

Ainda que o tom escolhido para a narrativa fosse o da metafóra, fábula ou alegoria, Saramago jamais abriu mão do conteúdo crítico às chamadas verdades oficiais, às convenções sociais e religiosas, ao abuso do poder. Um escritor que foi além da letra, movido por convicções consideradas por ele próprio como inegociáveis. Exerceu o papel de um intelectual verdadeiramente comprometido com o seu tempo, que assumiu, inclusive, o caráter dos próprios traços autobiográficos em sua obra. Um intelectual no melhor sentido inaugurado por Emile Zola no caso Dreyfus: “Eu nunca separo o escritor do cidadão. E isto não significa que queira converter a minha obra num panfleto. Significa que não escrevo para o ano 2427, mas sim para hoje, para as pessoas que estão vivas. O meu compromisso é com o meu tempo”.

Conforme seu biógrafo João Marques Lopes, Saramago aceitava as láureas, "como possibilidade de se fazer escutar dentro das bases do statu quo", por vezes, recusando-se a recebê-las, como, por exemplo, no caso de um doutoramente doutoramento honoris causa pela Universidade federal do Pará, justificando sua recusa como protesto à participação do governo daquele estado brasileiro na repressão ao Movimento dos Sem Terra (MST).

Foi uma poderosa e combativa Voz contra as desigualdades sociais, presente em todos os momentos cruciais da vida no planeta ("Nem tudo são letras no mundo, meu senhor" diria um de seus personagens) e, sobretudo, um humanista sempre em busca da humanização. Era, em síntese, sua própria literatura. Importante aqui sublinhar, que essa vigorosa literatura jamais enveredou pelo planfletarismo ou propaganda ideológica. A simbiose entre arte e ficção, o fato de ser "uma Voz", bem pode ser avaliada, por esta frase de uma leitora, "não te lemos, te escutamos", em carta transcrita pelo escritor num dos volumes dos "Cadernos  Lanzarote". Nem por isso fez qualquer tipo de concessão literária.

Em conferência denominada “Para que serve um escritor?", assinalou que "o escritor não deve servir apenas para escrever, com a escolha de tal ofício se lhe multiplicam as responsabilidades que já tinha como cidadão,  sendo certo que a ele ninguém o obriga a ser militante de um partido, também não é menos certo que a sociedade necessita algo mais que profissionais competentes nas múltiplas atividades que, nos seus diversos níveis, a gerem. (...) O erro dos escritores nos últimos trinta anos, foi terem renegado um empenhamento simplesmente social com medo de serem acusados de andar a vender a literatura à política. O resultado, se o jogo de palavras me é permito, é não termos agora quem nos compre...”.

Na contramão de boa parte dos ficcionistas contemporâneos, assumiu sem pudor suas convicções (políticas, religiosas e literárias), surpreendendo, inclusive, com inesperadas posturas teórico-literárias, como estas: "a figura do narrador não existe. Só o Autor exerce função narrativa real na obra de ficção", desconstruindo, assim, o já tão  consagrado conceito de autonomia do narrador em relação ao seu autor. Polêmico, perguntava-se se a atenção obsessiva prestada pelos analistas de texto a essa "tão escorregadia entidade" (o narrador), não estaria "contribuindo para a redução do Autor e do seu pensamento a um papel de perigosa secundarização na compreensão complexiva da obra.". Assumia ele, desta forma, as opiniões dos narradores de seus romances. Estamos, sem dúvida, diante de um emblemático fato, em que a obra não pode ser analisada dissociada da vida de seu Autor, quer queiram ou não alguns críticos puristas.

Quer seja pela alegoria ("a colorida cauda do pavão dos parasitas da corte" - A Viagem do Elefante); quer por um certo e agudo viés sociológico, eivado de ironia e sentidos outros  ("Na vida tudo são fardas, o corpo só é civil verdadeiramente quando está despido" - A Caverna); ou "São títulos de propriedade e ocupação", referindo-se aos jazigos no cemitério; ou, ainda, "Quem paga julga que o dinheiro confere e confirma todos os direitos" - O Ano da Morte de Ricardo Reis);  ou, ainda, ("Nunca vivemos tanto na caverna de Platão como agora. Pessoas aprisionadas vendo sombras e acreditando que são realidade", "Temos coisas em demais e isso significa não ter nada" - No filme A Janela da Alma), Saramago deixa patenteadas as preocupações e críticas decorrentes de seu agudo olhar sobre o homem, em particular, e as sociedades, em geral.

 

a história (e a sua crítica)  -  a revelação do humano

O ano da Morte de Ricardo Reis, terceiro romance de grande sucesso de Saramago, 1985, a exemplo de Memorial do Convento, também desvenda aspectos históricos e religiosos através de personagens literários (a aparente contradição entre a verdade sempre parcial e discutível do discurso histórico e o ficcional).  

Ao reelaborar a biografia de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa que, conforme seu criador, há 16 anos residia no Brasil e volta a Portugal após a morte de FP, Saramago não só presta um comovente tributo ao grande poeta seu conterrâneo (“a minha relação com Fernando Pessoa começou por ser com a poesia de Ricardo Reis, por ser ele “senhor da palavra, em vez de ser esta que o influenciava a ele”)  como também traça um retrato de Portugal em 1936, em plena ditadura salazarista.

O personagem RR entra em contato com essa realidade ao ler os jornais da época, já comprometidos com o poder ou quando descreve a realidade social que vai observando em Lisboa. Ou seja, ao falar de literatura e de personagens que foram fruto unicamente da imaginação do poeta Fernando Pessoa, Saramago levanta véus e revela aspectos invisíveis da história real.

O próprio Saramago, nesse mesmo ano de 1985, declararia, em entrevista à imprensa, que, “se não ligasse o meu trabalho à História não faria qualquer trabalho (...) o que eu quero escrever liga-se aos fatos e aos homens passados, mas não em termos de arqueologia. O que eu quero é desenterrar homens vivos. A História soterrou milhões de homens vivos.”.

Aqui provavelmente encontra-se uma chave da porta de entrada para a obra deste que foi/é seguramente  um dos maiores escritores de nosso tempo, ou seja, revelar aquilo que há de humano nos homens e a sua intrínseca poética ("a prioridade absoluta tem de ser o ser humano. Acima dessa não reconheço nenhuma outra prioridade").

Seu diálogo crítico com a história continuaria ainda por meio de alguns romances que vieram a seguir, como Jangada de Pedra, História do Cerco de Lisboa e O Evangelho segundo Jesus Cristo, após o que sua ficção sofre uma transformação.  Os romances dessa nova fase (Ensaio sobre a cegueira, Todos os nomes, A caverna, O Homem duplicado, Ensaio sobre a lucidez e As intermitências da morte) são mais concisos, menos barrocos e possuem uma forte característica alegórica, sem, contudo, abandonar características da linguagem saramaguiana, como a oralidade e sintaxe particular. Neles, Saramago afasta-se da realidade histórica portuguesa (o desgaste causado pelo veto do governo português ao O Evangelho, considerado por ele "censura inquisitorial", seria uma das razões, sendo que Ensaio sobre a cegueira, seu primeiro romance escrito no "exílio voluntário" das Ilhas Canárias, não deixa de ser um caso emblemático) e passa a discutir questões prementes do mundo contemporâneo, como realidade virtual, mercado e consumo, política neoliberal e democracias em desmoronamento. Posteriormente, voltaria a dialogar com a história de Portugal, desta feita, através da fábula e da fina ironia (A viagem do elefante). Retornaria, novamente polêmico e provocativo, em seu derradeiro romance publicado em vida, Caim. Deixou inconcluso o romance Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas, publicado postumamente sob a forma de narrativa breve.

Aqui, uma observação sobre um aspecto curioso de sua obra:  os relatos de cenas amorosos são raros na obra de Saramago, por isso mesmo, vale anotar uma delas, inesquecível, a única que me lembre. Na complexa estrutura narrativa de História do Cerco de Lisboa, duas histórias  simultâneas com tempos diferentes, aparece e atravessa o romance, uma terceira história, o amor entre o revisor do livro de história e ao mesmo tempo autor de uma das histórias do livro e sua editora. Dessa nova história, há um momento erótico antológico que chama atenção, menos pela cena explícita do que pela sugerida, a provar que erotismo, ao contrário do que a agressiva publicidade e boa parte da nossa literatura de ficção contemporânea sugerem, pode estar ligado a delicadezas, sem, contudo, nem de leve, resvalar em pieguismo. Mas isso é coisa para mestres como o bruxo do Cosme Velho e este filho e neto de camponeses  da Azinhaga, do quem aqui nos ocupamos.

Fiquemos com este seu texto, transcrito de blog O Caderno de Saramago, que bem melhor que o pálido retrato que tentamos esboçar desse grande escritor, ilustra o que acima dissemos:

“Jamais nós, escritores, mudaremos o mundo. A arte e a literatura carecem de poder frente aos exércitos. Outra coisa é que o artista, ou o escritor, enquanto cidadãos intervenham para tornar público o seu protesto e que as suas palavras possam ter um ou outro eco moral. Todos os cidadãos, escritores ou não, temos não apenas o dever de dizer mas também de fazer. E não apenas na cara do nosso país, também de frente para o mundo." (...) “A prioridade absoluta tem de ser o ser humano”

Foi exatamente o que praticou o dono dessa palavra fulgurante e restauradora, foi o que com ele aprenderam seus leitores.

 

Bibliografia:

- Lopes,  João Marques - Saramago - Biografia, Leya, 2010, SP.

- Aguilera, Fernando Gómez - José Saramago: A consistência dos sonhos - cronobiografia, Caminho/Leya, Lisboa, 2008

- Diversos autores - José Saramago: O Ano de 1998 - Colóquio/Letras 151/152

- Diversos autores - José Saramago 1922-2010 - A História, a vida e a obra, edição especial de JL / Visão, Portugal, 2010

- Saramago, José:

- Levantado do Chão, romance, 2a. edição, Bertrand Brasil, 1988, RJ

- Memorial do Convento, romance, 20ª edição, Editorial Caminho, 1990, Lisboa

- O Evangelho Segundo Jesus Cristo, romance, Companhia das Letras, 1991, SP

- Os Poemas Possíveis, poesia, 3a. edição, Editorial Caminho, 1985, Lisboa

- Deste Mundo e do Outro, crônicas,  3a. edição, Editorial Caminho, 1985, Lisboa

- Provavelmente Alegria,  poesia, 2a. edição, Editorial Caminho, 1985, Lisboa

- Viagem a Portugal, fotografias de Maurício Abreu, Companhia das Letras, 1990, SP

- Ensaio sobre a cegueira, romance, Companhia das Letras, 1995,SP

- Todos os nomes, Companhia das Letras, 1997, SP

- A Bagagem do Viajante, crônicas, Companhia das Letras, 1997, SP

- Cadernos de Lanzarote II, diário, Companhia das Letras, 1999, SP

- Cadernos de Lanzarote, diário, Companhia das Letras, 1997, SP

- A Caverna, romance, Companhia das Letras, 2000, SP

- As Pequenas Memórias, memória autobiográfica, Companhia das Letras, 2006, SP

- A Viagem do Elefante, conto, Companhia das Letras, 2008, SP

- A Maior flor do mundo, ilustração João Caetano, 4a. edição, Editorial Caminho, 2010

 

 

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