DAlila Teles Veras


Carolina, Isabela, Valdecirio e Alice


ALGUMA CRONOLOGIA

1946 – O mundo juntava seus cacos no desafio de uma nova ordem, sentimentos inclusos. Fruto legítimo dos acertos após guerra, vim atada ao cordão puxado no desespero da hora, a maresia atlântica impregnando-me as asas. Instigando outros saberes, o sabor do funcho que deu nome à minha cidade natal, Funchal, na exótica Madeira.

1957 – Contaminados pelo vírus da aventura, transmitido certamente pelos ancestrais descobridores João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, os madeirenses estão sempre a caminho de novas descobertas.

O mar e o seu fascínio. A eterna curiosidade em descobrir o que há do outro lado. Os Agrela cruzam o Atlântico, no transatlântico Santa Maria, repetindo os desígnios e a história, como tantos, e sentindo na pele o novo papel, o de imigrantes.

1968 – O espanto, a tomada de consciência. O mundo em mutação, o Brasil em efervescência. Os versos se fazem, toscos – leituras ainda não assimiladas. A poesia como imperativo categórico, necessidade vital, questão de sobrevivência.

1971 – Portugal revisitado – emoção descontrolada, as raízes. A dúvida: portuguesa ou brasileira? Na terra onde nasci sou brasileira (o sotaque assim o quer), na terra que adotei, portuguesa (o RNE e as raízes assim o determinam).

1972 – O amor e o casamento com um brasileiro. O nordeste e a brasilidade, o legado lusíada, amalgamados.

1974 – Portugal novamente, o Velho Mundo exercendo sua função atávica. Mas é na América que estão todos os motivos. Não existe mais dúvida, o Brasil é o lugar, Madeira é a memória de um lugar.

1976 – Primeiro parto, indivisível momento-magia. Carolina, inteligência e meiguice, promessa viva.

1977 – Segundo parto, novamente a sensação de universalidade e absoluta solidão. Isabela, caráter forte a demarcar seu próprio espaço.

1979 – Terceiro parto, a família já um clã. Alice, beleza e alegria a serviço da vida. Minhas eternas três meninas, obra à qual dedico a vida.

1982 – Primeiro ensaio do que viria a ser ofício: Lições de Tempo. A partir daí, tudo é literatura. A vida e suas circunstâncias em livros: bibliovida.

 À JANELA DOS DIAS Poesia quase toda


índice  / Poesia / Crônicas