DAlila Teles Veras |
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1946 – O mundo juntava seus cacos no desafio de uma nova ordem, sentimentos inclusos. Fruto legítimo dos acertos após guerra, vim atada ao cordão puxado no desespero da hora, a maresia atlântica impregnando-me as asas. Instigando outros saberes, o sabor do funcho que deu nome à minha cidade natal, Funchal, na exótica Madeira. 1957 – Contaminados pelo vírus da aventura, transmitido certamente pelos ancestrais descobridores João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, os madeirenses estão sempre a caminho de novas descobertas. O mar e o seu fascínio. A eterna curiosidade em descobrir o que há do outro lado. Os Agrela cruzam o Atlântico, no transatlântico Santa Maria, repetindo os desígnios e a história, como tantos, e sentindo na pele o novo papel, o de imigrantes. 1968 – O
espanto, a tomada de consciência. O mundo em mutação, o Brasil em
efervescência. Os versos se fazem, toscos – leituras ainda não
assimiladas. A poesia como imperativo categórico, necessidade vital,
questão de sobrevivência. 1972 – O amor e o casamento com um brasileiro. O nordeste e a brasilidade, o legado lusíada, amalgamados. 1974 – Portugal novamente, o Velho Mundo exercendo sua função atávica. Mas é na América que estão todos os motivos. Não existe mais dúvida, o Brasil é o lugar, Madeira é a memória de um lugar. 1976 – Primeiro parto, indivisível momento-magia. Carolina, inteligência e meiguice, promessa viva. 1977 – Segundo parto, novamente a sensação de universalidade e absoluta solidão. Isabela, caráter forte a demarcar seu próprio espaço. 1979 – Terceiro parto, a família já um clã. Alice, beleza e alegria a serviço da vida. Minhas eternas três meninas, obra à qual dedico a vida. 1982 – Primeiro ensaio do que viria a ser ofício: Lições de Tempo. A partir daí, tudo é literatura. A vida e suas circunstâncias em livros: bibliovida. |
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