DAlila Teles Veras |
Poesia Madeirense
A
atividade literária na Ilha da Madeira, ou Região Autônoma da Madeira, como
preferem chamá-la os seus habitantes, é intensa, contando hoje com uma vasta
bibliografia, muito especialmente na poesia. Difícil
seria, nesta breve notícia sobre a poesia na Madeira, estudar com o rigor
exigido esse conjunto de obras e classificá-las como literatura madeirense,
posto que esse é um terreno escorregadio de polêmicas que, volta e meia,
sobem à superfície fazendo patinar quem por ele transite. A
questão sobre a existência ou não de uma literatura madeirense persiste,
inclusive, entre os próprios escritores locais e, colocada em mero posto de
observadora, limito-me a falar dessas anotações. Examinemos
alguns trechos retirados de comunicações apresentadas no I Encontro Regional
de Escritores, realizado no Funchal em 1989: -
Irene Lucília cita Agustina Bessa Luís que escreveu: “A Madeira tem plantações
de romance como bananais e vinha jaquet. É um nunca mais acabar de
personagens, situações, vidas e histórias que não se entende o silêncio
das letras acerca delas”. Polemicamente, a própria Irene acrescenta:
“Tudo está ali. A obra feita. A ilha viva, autêntica deslumbrante e
mágica, obsessiva e dominadora, não precisa de ser recriada por mecanismos
de ficção. Por si só, em corpo real ela basta à paixão, preenche os
escaninhos do prazer, avassala até à saturação e ao confrangimento”,
concluindo com uma nova citação de Agustina, que “a paixão dos lugares
tornou-se (...) universal fato de paralisia do trabalho”. Interessante
observar que, apesar dela mesma, Irene, ser uma eterna exaltadora dessa
“ilha viva”, aponta esse mesmo detalhe também como fator
paralisante da criação intelectual. O que, neste caso, convenhamos é um
pouco de exagero céptico. Já
o poeta Carlos Nogueira Fino, assume, sem nato ser, a sua insularidade e os
seus resultados literários: “O que somos desenha-se do mar a sulcos íngremes:
um canto chão perante a majestade antiga dos navios; uma impressão de asas
vagarosas sobre o céu do silêncio; (...) Aqui nascemos, ou aqui chegamos,
com raízes precárias. Elas se encarregam de crescer por nós em busca do que
somos. Deixai crescer, portanto, o chão de onde brotamos, universal pela razão
das árvores, até fazer-se a voz que nos revela.”. Pragmático,
o escritor João Dionísio coloca: “com a consagração constitucional da
Autonomia, ou a transformação da Ilha da Madeira em Região Autônoma da
Madeira, “surge a literatura da Região Autônoma da Madeira”.
Anteriormente a esse fato histórico, diz ele, “a literatura madeirense ou
da Madeira pertence à literatura portuguesa, como qualquer outra literatura
escrita por portugueses. (...) Podemos dizer, agora, que somos a outra gente
da literatura portuguesa, com os nossos amores e desamores, mas, sobretudo,
com a nossa realidade. Somos a outra gente para sermos a mesma gente da
literatura portuguesa. Mas, com uma diferença em relação aos nossos
antepassados: eles tiveram a Independência, nós temos a Autonomia. O que
significa: somos da literatura portuguesa e somos uma literatura da língua
portuguesa. Trazemos, portanto, para a História da Literatura Portuguesa a
nossa diferença econômica, social e política, isto é, um ponto de vista
literário sobre as estruturas. E, ao enriquecermos a História da Literatura
Portuguesa enriquecemos, também, a outra vertente: a História da Literatura
de Língua Portuguesa. Em resumo: a partir da data e do fato autonômico, começamos
a construir a História da Literatura Madeirense.” Polêmicas
e rótulos à parte, não fica difícil observar que a condição insular, os
fatores geográficos e culturais específicos (“o homem fechado sobre si
mesmo e, simultaneamente disperso no infinito", conforme Ferreira de
Castro, escritor fascinado pelas pequenas ilhas sobre as quais tanto
escreveu), acabam por emprestar ao povo madeirense uma feição cultural muito
própria e que, inegavelmente o distingue dos demais portugueses, tanto no seu
modo de ser e de estar quanto na sua própria visão de mundo. Isso, é claro,
é tema para estudioso de antropologia social, mas, de alguma forma, é fácil
observar que esses fatores acabam refletidos também na maneira do madeirense
se expressar literariamente e, assim, torna-se matéria de análise sócio-literária. No
nosso cômodo ponto de vista de observadores, essa condição insular
refletida no imaginário ilhéu, só fez por enriquecer a literatura produzida
na Madeira, emprestando-lhe uma singularidade que a eleva a presença marcante
e reconhecível no cenário da literatura de língua portuguesa. A
poesia contemporânea portuguesa de maior expressividade, conta com pelo menos
três poetas nascidos na Madeira, Herberto Helder (Funchal, 1930) considerado
um dos maiores poetas portugueses da atualidade, José Agostinho Baptista (Funchal,
1948) e José Viale Moutinho (Funchal, 1945) este, dono também de uma extensa
obra em prosa, além de Natália Correia e de Sophia de Mello Breyner Andresen,
elas também das ilhas, mas dos Açores. Esses
poetas, contudo, por terem alcançado uma posição de destaque no cenário
literário português e europeu, não são rotulados como "poetas das
ilhas", "madeirenses" ou "açorianos",
são simplesmente poetas portugueses, como deve ser. Apesar de viverem
(viveu, no caso de Natália), fora das ilhas (melhor seria dizer que eles
apenas “nasceram” nas ilhas, não se “fizeram” nelas) trazem, aqui e
ali, na sua gênese mais profunda, esses fatores de que falamos, ainda que,
admitamos, apenas por conta do atavismo.
O que é notável
é que a Ilha ainda lhes marca a memória e a palavra, como bem o
demonstra este poema de José Viale Moutinho: ANTIMEMÓRIA COM FUNCHAL
ao Manuel Freire havia asas pelo corpo sobre os mapas do mar e a coberto da ilha e da espada cravada no mais distante rochedo de qualquer praia de súbito matou a sua primeira gaivota a guerra aproximava-se do fim era junho e nunca mais coltaria à casa submersa persianas corridas rendas de latas verdes que o homem da música lhe traria numa caixa morria-se de dentes podres deslizando montes alguns silêncios se descobriam pelas mãos e os olhos adoeciam noutra costa distante de barcos e de redes de rostos encardidos sem saudade nem reconhecimento do luto moviam-se as raízes sobre as águas lodas suposto país que se formara no profundo e aí reinava o inventado el-dom sebastião Há, no entanto, um grupo de poetas, nascidos ou residentes na Madeira,
que optaram por lá permanecer e dali passaram a impor a sua singular poesia
ao próprio Portugal que, é preciso que se diga, ainda olha com certo desdém
e desconfiança tudo que não venha do Terreiro do Paço de Lisboa (“as
muralhas da continentalidade que tão ínfimo interesse revelam em favor da
cultura portuguesa insular”, no dizer do sempre inflamado e competente poeta
José António Gonçalves. A escritora Natália Correia, em prefácio à coletânea Ilha 2, 1979,
assim refere-se à poesia madeirense: “Despojai-vos da presunçosa cornada e
vinde à Ilha. O continente encerra-vos? Fecha-vos as idéias em inquiridos de
antolhadas teorias? Entendei que a poesia é superação do continente. Conteúdo
fervente. Como a Ilha, contida. Mas pela animação perpétua do mar. A vida
sempre a surgir da água, Madre Marinha. (...) Fechai vossos guichets de bancários
da estese e vinde à Ilha. Aqui a poesia é grátis. A criação revela-se
geneticamente insular. Daí serem as Musas originariamente aquáticas.”. Natália,
como se vê, confirma a marca “genética” da insularidade dessa poesia e
exalta, em alto e bom som, a sua qualidade. O fato de apontarmos essa marca insular na poesia dos madeirenses não
significa estarmos, em nenhuma hipótese, a nos referir a qualquer idéia estética
de regionalismo, mas, antes, a uma poesia que, no seu conjunto, apresenta uma
facies própria que a identifica pelo particular e que, por seus méritos, a
coloca na universalidade exatamente pela coragem de ser regional. Se
o Brasil mal conhece a literatura contemporânea portuguesa depois de Eça e
Pessoa, que dizer dessa poesia, ainda pouco conhecida em seu próprio país,
com um imenso mar a isolá-la e a separar-nos? Trazer,
portanto, a um encontro de língua portuguesa um pouco da poesia feita na
madeira é apenas um gesto de tentar (re)unir
e (inter)cambiar os poetas e a cultura que o mar separa e que os convênios
e acordos oficiais não consegue aproximar. Daí o fato de ser esta apenas uma
breve notícia da poesia na Madeira, trazida por uma leitora atenta,
desvestida dos méritos acadêmicos para uma análise mais adequada a uma
comunicação. Dentre
os muitos poetas madeirenses da atualidade, selecionamos os nomes de José António
Gonçalves, Irene Lucília, Carlos Nogueira Fino, José de Sainz-Trueva, Ângela
Varela e Maria Aurora Carvalho Homem, não só por sua
representatividade dentro
do atual panorama poético madeirense, como também por terem merecido o justo
destaque da própria crítica portuguesa e, finalmente, por concordarmos com a
excelência de suas obras.
poesia madeirense: Publicou: Poesia – É Madrugada e
Sinto, 1974; Pedra-Revolta,
1975; 20 Textos para Falar de Mim,
1988; Antologia Verde, 1991; Os
Pássaros Breves, 1995; Tem o Poder
da Água (obra poética 1973-1995), 1996, À Espera dos Deuses, 1999;
Giacomo Leopardi e o Suave Desprendimento do Infinoto, 1999; A Aventura na
Casa dos Livros, 2000; Lembro-me desses Natais; 2000. Ficção
– Réstea de Qualquer Coisa, crônicas,
1973; Organizou e integrou as
antologias Ilha, 1975; Ilha
2, 1979; Ilha 3, 1991; Ilha 4,
1994; O Natal na Voz dos Poetas
Madeirenses, 1989; Poet´Arte 90,
1990; Poesia na Ilha, 1991; Crônicas
do Norte, textos de Horácio Bento de gouveia (seleção, organização e
prefácio de sua autoria), 1994. Filmografia – Açores
Outono (documentário), 1978; Madeira
– Bordado de Sonho (documentário), 1980; Ora...
o Mar (conto – teledramático), 1988; Retratos
da Madeira, (série biográfica, 6 episódios), 1989; Canto da Ilha (Programa do 20º aniversário da RTP-M), 1992; e O
morto, 1994. PÔR-DO-SOL
para Virgílio Higino Pereira Este
é o mar que se veste de vermelho, convidado
pelo ocaso do poema para
o baile do fim do dia. Ei-lo
à distância, abraçando a periferia de
um olhar que se perde nas falésias, sorridente
na brevidade da sua figura. Poderia
o ilhéu dar o salto inconsciente, entregando-se
ao sal rosado do seu vestuário, curioso
por provar a água do seu bordado. Porém,
resguarda-se no calor da terra, pisando
a ilha com a carne da sua loucura, acorrentado
às ervas que nascem no recolher das casas. E
suspira, como um anjo esquecido na
multidão solitária que percorre as ruas, perguntando
pelo lugar onde descansam as suas asas.
(in Aventura na casa do livros)
Irene Lucília – Irene Lucília
Mendes de Andrade, é natural do Funchal (1938). Licenciada em Pintura pela
Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Professora de Educação Visual.
Desenvolveu diversificada atividade, como produtora de radio, autora de textos
para a infância e no domínio das artes plásticas participou em vários
exposições na Madeira e nos Açores. É membro da Associação de Escritores
da Madeira. Publicou: Poesia - Hora Imóvel,
1968; Histórias que o Vento Conta, 1979; Palavras que Levo em Viagem, in Ilha 2, 1979; O Pé Dentro D´Água,
1982; Ilha Que é Gente (cantigas),
complementado com um disco single, 1986; “A Mão Que Amansa os Frutos”, 1990. Sobre a Memória deste Dias, in Ilha 3, 1991; Amargo é o Estar do Tempo, in Ilha
4, 1994. Romance – Angélica e a
sua Espécie, 1993. Está representada em várias antologias. Tem colaboração
dispersa por vários jornais e revistas. Sete partidas 1
a boca curta 2
o timbre inútil 3
alguns percursos inviáveis
soterrados
sob o peso deslumbrado dos asfaltos 4
intentos e caminhos reduzidos
a
um tráfego de cansaços e esquecimento 5 a ilusão horizontal dos olhos
rasando
a virtude da água 6
a dolorosa porção de espaço
perimetria do espasmo e dos espantos
enorme convulsão
entre o silêncio e a fábula 7 o gesto insuficiente do coração
entre
o mar e o mar como se
mais
mundo não houvesse e só
os
territórios interiores
fatigados
duma melancólica geografia.
as
sete partidas duma viagem inflexível
quedam-se
à volta de muitas raízes
e
duma dramática sedução de flores
onde
a luz quebra o viço generoso das sombras
e
reforça a intensidade fátua dos perfis suspeitos.
(in
Amargo é o Estar do Tempo, Ilha 4, 1994) José de Sainz-Trueva
– nasceu em São Gonçalo, Funchal, a 9 de
junho de 1947. Membro da Direção da Associação de Escritores da Madeira e
Associação Portuguesa de Escritores entre outras associações. Chefe de
Divisão de Proteção ao Património Cultural da Direção de Serviços do
Patrimônio e Atividades Culturais. Publicou
– Espaço
na Relva, in Ilha 2, 1979; Entre os
Olhos, in Ilha 3, 1991; Musa
Grata, in Ilha 4, 1994; está representado em inúmeras antologias; Tem
publicado textos de investigação sobre temas madeirenses nas revistas Atlântico,
Islenha, Girão e no
suplemento do Diário de Notícias do
Funchal, bem como colaborou em várias outras publicações. De
um só golpe um
anjo decepado afunda-se
na lama o
nó aperta esfuma-se
a restinga imóvel
rosa dúctil virada
do avesso secura
e culpa ao
fim de cada hora o
que te faço? vibra escasso
amor é
laço é ferida em carne viva Mais
secreto é o dia rio
livre sem
lei como
um vulto na rua só de sombra
e sol sem certeza
de nada
bravo como um touro
(in Musa Grata, Ilha 4, 1994) Carlos Nogueira Fino
– Nasceu em Évora em 25.11.50. Reside na
Madeira desde dezembro de 1959. Mestre em Educação (análise e organização
de ensino). Docente na Universidade da Madeira. Deputado à Assembléia
Legislativa Regional. Membro da Associação de Escritores da Madeira e da
Sociedade Portuguesa de Autores. Publicou
– XXIII Poemas de Ilhamar, 1987 – prêmio Leacock 87); Simbiose,
1988, de parceria com o escultor Celso Caires; Este
Cais Vertical, 1989; Iniciação à
Luz in Ilha 3, 1991; Contemplação do Olhar, 1992; (Pre)Meditação,
1992; Alquimias, in Ilha
4, 1994 a
ambigüidade não é a que insinua no
cerne das palavras o corte com
as coisas mas
esta saliência na significação das árvores onde
assentamos a aparência da imobilidade entretanto
pulula na
dissolução das folhas a
azáfama do solo
0o0 mas
não direi estas palavras sem
abri-las por dentro como
te abro e me revelo para
conhecer-te o
gérmen do teu nome inscrito no
meu nome
(in (PRE)MEDITAÇÃO) Ângela Varela
(de seu nome completo, Ângela Maria Varela Miranda
Rodrigues), natural da Ilha da Madeira, Camacha, é licenciada em Filologia
Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa, com a dissertação O Poema em
Prosa na Literatura Portuguesa. Lecionou no Ensino Secundário em Paris, no
Funchal, em Oeiras e na Escola de S.João do Estoril onde é professora
efectiva, além de ter exercido o cargo de Leitora de Português na
Universidade de Estrasburgo (França). Prepara tese de Doutoramente sobre a poética
do “poema em prosa”. Publicou: Espaços de Passagem, in Ilha
3, 1991; Corpo – Ilha, in Ilha
4, 1994. Tem publicação dispersa de ensaio e (ou) poesia nas revistas Colóquio/Letras
e Sílex, de Lisboa, Nova
Renascença, do Porto, Atlântico,
da Madeira e Nordès, de Vigo, bem
como em jornais da Madeira e Lisboa. Publica crônicas no Diário
de Notícias do Funchal A Fala das coisas Olhar.
Olhar apenas: o mar soprado sobre a terra a olhar. As
nuvens boiam no balão do espaço – bolhas no vidro. O
muro é branco – agudamente branco. O ângulo da perna branco
encaixa no fundo azul. Mancha.
Massa apenas. Abafa o som de todas as palavras. Deixa
que as coisas falem sem filtro – com a voz do olhar. Corpo Mineral As
casas-cavernas talhadas na rocha. O sol a penetrar nos poros
da pele. A espuma a golfar das cavidades do nariz, da
boca. Maré-cheia
os olhos-linha de horizonte. Os
cabelos-algas boiando. O perfil de pedra, lavado no
fluxo das águas salgadas. O musgo do corpo descarnado do
calor animal, do sopro vegetal: no
reino mineral a escavar-se.
(in Ilha 4, 1994) Maria Aurora Carvalho Homem
– Nasceu em Beira Alta, radicada na
Madeira desde 1974. Cursou Filologia Românica na Universidade de Coimbra. Foi
jornalista em A Capital e Diário de Lisboa. Produziu programas infantis na
televisão portuguesa, ganhando o prêmio de Imprensa em 1968, como melhor
apresentadora de Televisão. Na Madeira, entre outras atividades, foi
professora, coordenadora da revista Margem, fez rádio e televisão, com
destaque para o premiado programa “Letra Dura & Arte Fina”. Publicou: Raízes do Silêncio, 1982; Ilha
a Duas Vozes (com João Carlos Abreu), 1988; Vamos Cantar Histórias (infantil, 1991; Juju, a Tartaruga (infantil), 1992; A Santa do Calhau (contos), 1993; Cintilações (poesia sobre aquarelas de Mellos), 1995 e Para
Ouvir Albinoni (contos), 1995, além de estar antologiada em várias
publicações. UM JEITO DE DIZER SOLIDÃO
A
palavra não chega a ser murmúrio Mastigo-a
na sombra a intervalos breves: é
um dizer silencioso um
tempo sem rosto uma
ausência presente em cada gesto. A
palavra viaja no meu corpo prendo-a
na franja dos olhos corrompe
a limpidez da distância na
precisão incolor dos dias. É
cardo, gume, alfazema e jasmim. Persigo-a
neste gesto de quem quer. A
palavra é este olhar de tudo cheio este
cheiro de noite este
acaso de nada adágio
sufocado em catedral vazia vôo
raso de pássaro vadio. A
palavra tem rosto de mulher olhar
de noiva eternamente virgem é
a pele que me veste cada dia e
que me despe à noite devagar. Faço-a
minha na ternura calada de
quem desfolha rosas no outono. Caladas
nos dizemos: amantes
confessados Bibliografia: - Gonçalves, José Antonio – 20 Textos para Falar de Mim,
Cadernos Ilha nº 1, Madeira 1988
- Gonçalves, José Antonio – Antologia Verde, Cadernos Ilha nº
6, Madeira, 1991
- Gonçalves, José Antonio, (org.) – Ilha 2, antologia Câmara
Municipal do Funchal, 1979
- Gonçalves, José Antonio, (org.) – Ilha 3, antologia – Câmara
Municipal do Funchal, 1991
- Gonçalves, José Antonio, (org.) – Ilha 4, antologia – Câmara
Municipal do Funchal, 1994
- Gonçalves, José Antonio, Aventura na Casa dos Livros, Cadernos
Ilha nº 10, Editorial Correio da Madeira, 2000
- Gonçalves, José Antonio, à Espera dos Deuses, Editorial
Correio da Madeira, 1999
- Gonçalves, José Antonio, Lembro-me desses Natais, Editoria
Correio da Madeira, 2000
- Lucília, Irene – Ilha que é gente, Secretaria Regional do
Turismo, 1986, Madeira
- Lucília, Irene – A Mão que amansa os Frutos, Cadernos Ilha nº
4 - Madeira, 1990
- Fino, Carlos Nogueira – Este Cais Vertical – Secretaria
Regional do Turismo Cultura e Emigração, Funchal, 1989
- Fino, Carlos
Nogueira – Simbiose – Secretaria Regional do Turismo Cultura e Emigração,
Funchal, 1988
- Fino, Carlos Nogueira – XXIII Poemas de Ilha Mar –
Secretaria Regional do Turismo Cultura e Emigração, Funchal, 1986
- Fino, Carlos Nogueira – (Pre)Meditação – Eurosigno
Publicações,
Madeira, 1992
- Fino, Carlos Nogueira – Contemplação do Olhar – Cadernos
Ilha nº 6, Funchal, 1992 Comunicação
apresentada no III Encontro Luso-Afro-Brasileiro de Língua Portuguesa –
Literaturas e Comunicação Social, Faculdade Cásper Líbero, SP, Capital, em
maio 2000. Este texto consta do Anais do referido encontro, publicado em 2
volumes, pela Imprensa Oficial do Estado/Faculdade Cáspero Líbero, em 2001.
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