DAlila Teles Veras Poemas do livro solidões da memória |
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risoma vestígios de pegadas nas areias, António Barahona
a infância e a memória da infância, submersa na líquida travessia vez por outra o atlântico deposita ossos datados nas terras do exílio
(a menina antiga recebe os sinais códigos esquecidos legendas para o lembrar – revivências)
a memória da infância é a memória possível (e só à poesia cabe recriar) |
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casa Vendam logo esta casa, ela está
cheia de fantasmas
morta a dona morta a casa
morta a casa morta a memória
morta a memória morta a memória da memória
morta a memória da memória o vazio da casa morta deixada morta pela morta que a deixou |
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educação eletiva Alguém te contempla
a tia (sempre haverá uma tia, na vida de todos os seres viventes não qualquer tia mas aquela, para além do sangue, a eleita antes mesmo de o ser aquela que contempla e enxerga o escuro aquela que sabe da dor e da fome e, garras à mostra afugenta intrusos acode agasalha acalenta afinidade eletiva antes mesmo de qualquer começo)
sim, a tia como esquecer? |
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bagagem
de lado a lado
a casa é
uma viagem Irene Lucília Andrade
haveria de ser grande e bonito o baú encomendado ao tio madeira coberta por folhas de flandres tachas reluzentes e batique florido (abrigar os pertences resistir às intempéries atlânticas e, por fim, servir de móvel no destino novo)
ali, na austeridade da arca a casa reduzida ao essencial
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